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A SOCIEDADE DO TRABALHO

Fotografia: Fernanda Gil
                    A Teia

Estamos actualmente a viver numa sociedade cada vez mais pidesca. Talvez os mais novos não entendam do que falo. Mas se pensarem no que está a acontecer na generalidade dos locais de trabalho no nosso país, talvez comecem a perceber.

 

Os gestores portugueses têm sido, ao longo de décadas, na sua generalidade, mal formados e incapazes de gerir. Não dão valor a qualquer dos items que representam 75% do valor real das suas empresas: o know how dos seus trabalhadores, as suas capacidades reais, a sua formação adequada às funções, a tecnologia apropriada e renovada, equipamentos em condições, boa troca de informação, valorização do trabalho em equipa, ambientes agradáveis e saudáveis, pagamento justo do trabalho realizado. Trabalhadores que se sentem bem, trabalham mais, produzem mais - valorizam qualquer empresa!

 

Mas agora estamos a assistir um fenómeno cada vez mais assustador: "gere-se" pelo terror, alimentam-se as intrigas e o mal estar generalizado, voltam-se as pessoas umas contra as outras, proíbe-se a comunicação, manipulam-se os trabalhadores a belo prazer de gestores ignorantes e assustados pelo saber de quem está abaixo deles.

 

Não vale a pena recorrer às chefias para denunciar algo que está mal - quem o fizer está definitivamente lixado. Quando a falta de ética, a falta de capacidade para gerir seja o que for, e a corrupção vêm de cima, não há nada que salve um bom trabalhador. O melhor é "dar de frosques". Da chantagem psicológica, aos maus tratos, ao assédio sexual e/ou moral, tudo é permitido e fica impune. E ai de quem se atrever a queixar-se: um processo disciplinar em cima, com uns quantos "informadores", ignorantes e incapazes (roídos pela inveja de quem pode mais que eles próprios e pelo medo de retaliações de quem está acima), a servirem de "testemunhas", e está feito.

 

Incapazes são igualmente os mecanismos supostamente de defesa dos trabalhadores. Nem ACT nem sindicatos são fiscalizadores ou intervenientes eficientes e eficazes. Os salários são também insuficientes para fazer face a longuíssimos anos de processo em tribunal, com recursos e contra-recursos, que só servem quem tem dinheiro para aguentar....

Visão demasiado "negra"? Olhem à vossa volta, saiam da vossa "zona de conforto", falem com o amigo, com o vizinho, o desempregado, o empregado temporário, o trabalhador precário, o contratado.... e até o efectivo!! Infelizmente este é o "pão nosso de cada dia"!

 

Simples reflexões....

 

Fernanda Gil / Fevereiro 2012

© Fernanda Gil.

Alhos Vedros - 2014 / 2017

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