top of page

PARA QUE EU PRÓPRIA NUNCA ESQUEÇA....

Fotografia: Joaquim Baltazar

Algumas coisas surpreendentes que aprendi nestes últimos anos: não há família nem amigos quando os problemas são demasiado difíceis e prolongados no tempo, um a um todos se demarcam e desligam.

 

Estarei sempre entregue apenas a mim própria, não importa o que tenha de decidir e o que tenha de enfrentar, por isso é bom que seja forte o suficiente para suportar tudo sozinha.

 

Posso viver sem dinheiro, sem Internet, televisão, telefone, máquinas de lavar e muitas outras coisas que já tive; posso passar sem o cinema, o teatro, a música, as férias, as viagens e até a fotografia; posso até passar fome, sem me importar muito pelo que perdi - o importante é ser capaz de manter a lucidez e a capacidade de fazer alguma coisa que me compense.

 

Durante os tempos mais difíceis, a minha principal preocupação nunca fui eu própria, continua a não ser.

Muitas vezes me senti tão só que a solidão doeu profundamente. Cheguei a pensar que se morresse de repente sozinha em casa, ninguém daria por isso durante semanas ou até meses. Comecei a sair mais, a ficar menos em casa.

E aprendi também com isso: a solidão pode não ser pesada se soubermos aproveitá-la para fazer coisas de que gostamos; coisas que nos dêem verdadeira satisfação e alegria. Se não existem, eu posso criá-las!

 

Tive de aprender a desligar-me de quem não foi capaz de suportar a minha dor, de quem me voltou as costas, literalmente ou de formas mais subtis - não foi fácil, algumas dessas pessoas tinham sido o meu mundo desde sempre. Mas só nos faz falta quem nos quer. Não vale a pena forçar relações, porque os sentimentos não são controláveis, ou existem ou não existem. E o mais importante: quem esteve sempre presente foi quem eu sequer esperava!

 

Não interessa o que as pessoas que mais amo façam, vou sempre amá-las na mesma e fazer tudo por elas, porque é assim que eu sou e não quero ser diferente.

 

Aprendi que a única coisa importante, afinal, é saber quem sou e saber o que não quero na minha vida... o resto são passos pequenos, cada um dado a seu tempo. Sempre a pensar ser mais feliz.

 

A todos, os que foram e os que ficaram, obrigada! Ensinaram-me a viver!

 

Escrito em 26-07-2012, para que eu própria nunca esqueça!

© Fernanda Gil.

Alhos Vedros - 2014 / 2017

bottom of page