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BALANÇO DE AFECTOS

Fotografia: Fernanda Gil
                    Nascer do Sol

Há quem use fazer o balanço da sua vida no decorrer do ano que finda. Eu nunca o fiz.

 

Porém, já há uns dias que me “martela” o pensamento: balanço de afectos.  

 

É estranha esta vida.  

 

Há acontecimentos que nos marcam. Também há pessoas que nos marcam. Para o bem e para o mal.  

 

Entre o ano passado e o findar do corrente, muita coisa teve desfecho inesperado. Não deveria ficar surpreendida. Sou dada a essas coisas.  

 

Os afectos são importantes para mim. As pessoas são importantes para mim. Pelo que são, como são. Tem de haver alguma empatia. É uma questão de pele. O resto vai acontecendo.  

 

Ganhei bons amigos. Outros, se não propriamente amigos, pelo menos boa companhia em muitas andanças que se tornaram do melhor.  

 

Outros vieram e foram como vieram. Alguns nem deixaram marca, revelaram-se cedo. Outros não, ainda conseguiram enganar um pouco, ganhar alguma substância. Ainda bem que os estragos não foram profundos.  

 

Há pessoas que passam a vida inteira a fazer jogos que nem quero entender para que servem. Os objectivos são verdadeiramente obscuros. Outras são mais refinadas. Conseguem enganar, imiscuir-se na vida dos outros, miná-la, por vezes roubar as suas memórias, absorver os seus gostos, os seus feitos e realizações, como se fossem seus. Os objectivos, esses, continuam obscuros, doentios.  

 

Este ano foi (mais uma vez) de arrumações no campo dos afectos. Estou a tornar-me mais expedita, mais esperta. Não deixo que me tirem tanto, que me firam tanto. Muito sofri e chorei no passado por aqueles em quem acreditei e afinal só me usaram, enganaram, tripudiaram. É gente que nunca é capaz de dar nada, nem tão pouco receber.   

 

Mas agradeço-lhes também terem entrado na minha vida. Fizeram-me mais forte, tornaram-me mais atenta.

 

Mas não mais desconfiada. 

 

Gosto de pessoas. Pessoas boas fazem-me falta. As divertidas, as sérias, as atentas, as distraídas, as expressivas, as mais fechadas, as que conheço desde sempre, as que me entraram no coração há menos tempo, as que estão longe e as que estão perto... Continua a ser bem vindo quem vem por bem.

A estes, o meu OBRIGADA profundo, cheio de afecto.

© Fernanda Gil.

Alhos Vedros - 2014 / 2017

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