OLHARES COM SENTIDOS
FERNANDA GIL
PÁGINA PESSOAL
COISAS DO ARCO DA VELHA
AS COLECTIVIDADES

A nível social, cultural e desportivo, a vida em Alhos Vedros era bastante activa. Sempre existiram muitas colectividades, que eram frequentadas por praticamente toda a gente da vila, e nos permitiam um acesso gratuito a muitas actividades desportivas e culturais (bastava o pai ser sócio e pagar uma pequena quota mensal), além do saudável convívio entre gente da terra de diferentes idades, profissões, vivências.
Praticávamos tudo, rapazes e raparigas: ténis de mesa, futebol, badmington, basquetebol, andebol, ginástica, atletismo. Havia também os “Jogos Juvenis da Primavera”, que eram um incentivo à escrita. Podíamos concorrer com contos, poesia, o que quiséssemos. Havia ainda teatro e o coro da Igreja.
Fomos a primeira terra a ter uma Feira do Livro para além de Lisboa. Estive muito envolvida neste projecto, a todos os níveis, desde a primeira vez, em 1972.
Mas havia também as colectividades que promoviam actividades mais tradicionais, desde os ranchos folclóricos às Cavalhadas, o chinquilho e a malha, e até o jogo do pau.
As crianças, essas, muito antes de começarem a frequentar as colectividades para estes jogos organizados, jogavam ao prego, ao pião, ao bugalho (hoje berlinde), ao ringue, à cabra cega, ao lencinho, ao anel, ao alho, à falua, ao pião, à fisga, e tantos outros jogos de recreio e de rua….e muito mais!
As colectividades tiveram grande importância na minha vida, pelos princípios de solidariedade, trabalho em equipa, em prol da comunidade, que transmitiram, para além da cultura, desporto e lazer que proporcionaram (e ensinaram). São coisas que nos ficam para a vida, e a prova é que ainda hoje Alhos Vedros tem uma fortíssima vertente cultural e desportiva na sua vida do dia-a-dia.
Pequenas memórias - Fernanda Gil, 2006