
OLHARES COM SENTIDOS
FERNANDA GIL
PÁGINA PESSOAL
A TELA EM BRANCO

Fotografia: Armando Romão
E de repente, ali estava... uma tela completamente em branco.
Que poderia eu fazer se fosse possível rebobinar toda a vida e fazer um novo filme para preencher aquela tela?
Porque aconteceu errado o que aconteceu tão errado? Porque partimos de premissas tão inabalavelmente seguras que de repente se tornam no seu contrário? Porque não é simplesmente possível começar de novo, como se o que aconteceu não tivesse acontecido?
Num filme ouvimos entoações, observamos expressões, atingem-nos emoções exprimidas, histórias contadas. Por vezes choramos, rimos, cobramos afinidades imaginadas.
Entramos na tela, vivemos a acção de quem conta apenas uma história.
Queremos transformar o final feliz na vida real. O horror é sempre apenas um filme, uma história contada. Apenas o final feliz, o final feliz, o final feliz....
Se eu pudesse reescrever o filme da minha vida, que mudaria?
Como faria para encontrar o caminho para o final feliz?
Ou transformaria o filme numa inquietante história que deixa um montão de interrogações quando nos levantamos da cadeira?
Aquela tela em branco... o filme que nunca mais passa... o final feliz que nunca mais chega...
Nunca mais vou ao cinema sozinha, pronto!!
30-01-2016