FERNANDA GIL

Já aqui vos contei que quando era estudante fui monitora na Colónia da CUF, ou que ia fazer de boneca com o Peres, que fazia de palhaço, às 6ªs feiras, de forma voluntária, a uma creche de Alhos Vedros. Mas a minha aventura com as crianças não se limitou a estas experiências, ambas muito bonitas.
 

Sempre tive um certo "dom" para as crianças, desde muito jovem. Tomei conta de praticamente todos os meus sobrinhos, e todos ficaram com histórias para contar, algumas não muito abonatórias para a minha pessoa, mas muito divertidas.
 

Porém, há duas historinhas que me marcaram particularmente, pela sua singularidade e porque realmente às vezes eu (ainda) consigo surpreender-me a mim própria (claro que só depois das situações acontecerem, porque enquanto acontecem apenas as vivo, e se pensasse nisso, provavelmente não chegariam a acontecer).
 

Ambas se passaram na Suécia: a primeira com duas meninas holandesas filhas de duas amigas da Gugu, que vieram visitá-la. As meninas só falavam holandês, língua que nunca aprendi. Quando andávamos a passear, elas andavam sempre comigo, nem sei explicar como comunicávamos, o certo é que até cantaram comigo em português. Toda a gente estava espantada, eu apenas estava feliz...

A segunda situação aconteceu com um menino de 1 ano, na creche onde ia acompanhar a minha sobrinha da mesma idade. O menino passou a andar sempre de volta de mim. Nessa altura eu gostava muito de cantar para eles. Um dia veio com um pequeno livro infantil. Não sabia sueco, apenas tinha aprendido os sons. Com calma, sentei-me com ele, e li-lhe a história do princípio ao fim (felizmente pequena), sem perceber praticamente nada do que estava a ler. Ele escutou atentamente, e nunca mais me largou.
 

Os/as educadores/as estavam tão espantados, que fartaram-se de me fazer perguntas sobre a minha experiência com crianças. No final do dia tinha um convite para trabalhar na creche.
 

Isto daria outra história, mas esta já vai longa.....